2011/04/08

Efeméride: 8 de Abril, Dia Mundial dos Ciganos

A bandeira Rom (a referência ao estandarte da União Indiana é evidente)

        No dia 8 de Abril de 1971, o povo Rom, que representa desde 2004 a principal minoria da União Europeia, adopta uma bandeira e um hino («Djelem, djelem»). Este povo nómada é formado por três grandes grupos: os Sinti, que encontramos em particular em Itália, na Alemanha e em França; os Ciganos, que, mesmo alvos de persecuções, estão instalados na Península Ibérica desde o século XVI; os Roma, que encontramos sobretudo nos países da Europa de Leste. Em 1971, os delegados do primeiro congresso cigano adoptam o termo Rom para designar o conjunto destes povos.
      Por volta do ano 1000, os Rom deixam a Índia, país do qual são originários, em direcção à Pérsia, chegando no século XIV aos Balcãs. Espalhando-se pela Europa, cristianizam-se ao contacto das populações cristãs do continente. É para a Europa do Oeste que, no século XVI, conhecerão a sua maior vaga migratória. Até ao século XX, os Rom vivem de forma mais ou menos pacífica com os povos europeus. Contudo, a partir da década de trinta, são vítimas da política racial do nacional-socialismo e são o alvo do extermínio e do genocídio perpetrado pelo regime nazi. Numa população avaliada em perto de um milhão de indivíduos vivendo na Europa, entre 25 a 50% encontram a morte durante as deportações, isto é, uma estimativa média de 250 000 pessoas. Este período é apelidado pelos Rom de Samudaripen, ou seja, o «homicídio total» na língua romani.
      Nos nossos dias, a dimensão do genocídio dos Rom não obteve um reconhecimento suficiente junto das populações da Europa. Foi necessário esperar o ano de 1982 para que a Alemanha reconheça oficialmente a sua responsabilidade neste crime contra a Humanidade. Em França, só em 1997 é que o Presidente da República fez referência pela primeira vez às vítimas ciganas da deportação. Em 2005, durante o 60º aniversário da libertação dos campos de concentração, uma homenagem solene foi feita a todos aqueles que sofreram esta barbárie, inclusivamente os Rom.
       Estima-se que existam hoje entre 7 a 9 milhões de Rom na Europa, continente onde "ciganofobia" se encontra, infelizmente, bem presente. Esta só poderá ser combatida pelo reconhecimento da história, da cultura, da contribuição deste povo para o património europeu. A ignorância e o preconceito têm sido a origem de diversas discriminações e de racismo qualificado.

O hino Rom, «Djelem, djelem» por Saban Bajramovic.

Uma homenagem ao mais célebre músico cigano, Django Reinhardt; «Nuages», interpretado pelo seu filho, Babik Reinhartd.

1 comentário:

  1. Obrigada por este post, Miguel...
    É muitissimo importante que não esqueçamos as vitimas desse episodio negro da história da humanidade...
    Esquecermos que o povo cigano da Europa foi dizimado, lado a lado com judeus, pessoas com deficiência, pessoas debilitadas, pessoas saudáveis, homens, mulheres, "brancos", "negros", idosos, crianças, é esquecer a sua humanidade, é excluir todo um povo do direito ao luto e à justiça e condená-lo à indiferença, à xenofobia e ao racismo...
    Penso que no dia em que esquecermos todas aquelas pessoas, toda a violência, todo o ódio, será o dia em que abrimos caminho para que tal vergonha volte a acontecer...
    Que nunca os deixemos cair no vazio do esquecimento...

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