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2011/01/18

L’année 2010 – O ano 2010

L’année 2010 vue par les cartoonistes (sélection du Courrier International)
O ano de 2010 visto pelos cartonistas (selecção do Courrier International)

01 - Matson, St Louis Post (EUA)
14/01/2010

02 – Bertrams, Het Parool  (HOL)
26/01/2010

03 – Burki, 24 Heures (SUI)
16/03/2010

04 – Bleibel, Al Mustaqbal (LIB)
16/04/2010

05 – Stephff
18/05/2010

06 – Stavro
02/06/2010

07 – Kichka
12/07/2010

08 – Haddad
23/08/2010
"Bouchehr. Au secours!"
"Bouchehr. Socorro!"

09 – Pismestrovic
21/09/2010

10 – Stephff
13/10/2010

11 – Schrank, The Independent (GB)
23/11/2010

12 – Zanetti
07/12/2010

2010/11/13

Europa das Pátrias vs. Federalismo solidário: o diktat económico

            A construção europeia tem sido alvo de inúmeros avanços e retrocessos. O propósito dos pais fundadores apontava para uma realização faseada. Robert Schuman, um dos principais instigadores da Europa comunitária a par de Jean Monnet, afirmava nos anos 50 do século passado: «A Europa não será realizada de uma vez só, nem através de uma estrutura conjunta: far-se-á através de realizações concretas». Desde 1957, e a instituição da CEE pelo Tratado de Roma, as divergências entre adeptos de uma Europa da Nações, onde as soberanias nacionais se sobrepõem ao poder decisório europeu, e a visão federalista têm sido frequentes. À Europa das Pátrias, defendida por De Gaulle, opunham-se o modelo alemão federalista. Contudo, esta dicotomia parece estar a vacilar em prol dos interesses económicos, em detrimento da ideia de uma Europa federal e portanto necessariamente solidária. A própria Alemanha, arauto do federalismo, parece, segundo as últimas declarações da sua chanceler, obedecer exclusivamente às exigências da crise económica, pondo de parte alguns princípios que alicerçam o projecto europeu. No sentido de ilustrar esta tendência, decidi transcrever o breve, mas não menos elucidativo, artigo do Público da sexta-feira passada (ontem), da autoria de Manuel Carvalho.

«Angela Merkel transformou a União Europeia num vestido com verso e reverso para usar conforme as conveniências.
Antes de partir para a reunião do G20 em Seul, Merkel exigiu que a UE fosse vista "como um todo", para assim poder recusar as críticas americanas aos enormes excedentes comerciais alemães. Mas no que respeita aos problemas da dívida e do défice, que estão a empurrar a Irlanda ou Portugal para o caos, já não parece haver razões para se olhar a Europa colectivamente. A tese alemã que prevaleceu desde a crise grega é até oposta: cada um que trate de si, que a subtileza de Merkel tratará de lhes agravar os problemas.
Se não é justo exigir aos alemães que paguem os delírios dos ministros portugueses ou a irresponsabilidade dos bancos irlandeses, também não é justo convocar todos os europeus para se justificar o excedente comercial alemão. De resto, os europeus são mais vítimas desse excedente do que qualquer outro povo do mundo. A estabilidade da moeda única, a proibição de os mais fracos recorrerem à desvalorização competitiva da moeda, tanto justifica o défice comercial português como o saldo positivo alemão de 15.600 milhões de euros em Setembro.
O que é difícil de suportar é este discurso hipócrita de Merkel, que ora diz ao Financial Times que "não se pode olhar para a UE com um mercado único e uma moeda única numa base país a país", ora sugere aos credores da dívida soberana para terem cuidado, porque serão obrigados a assumir os custos de eventuais bancarrotas.
Se a UE é vista "como um todo" para justificar os desequilíbrios provocados no mercado mundial pelos alemães, também o deve ser na hora de ser solidária com os Estados aflitos. Não se trata de lhes pagar as contas, apenas de suspender o discurso punitivo que as autoridades alemãs têm usado, apoiar com convicção os seus programas de austeridade ou, como fez hoje, pedir calma aos mercados. Não se pede caridade nem complacência; pede-se apenas coerência, quando se invoca a UE "como um todo".» [Público, 12 de Novembro de 2010, p.3]

Mudam-se os tempos, mudam-se as vontades… (Luís de Camões)

Europe des Patries vs. Fédéralisme solidaire: le diktat économique

            La construction européenne a subi de nombreuses fluctuations durant son histoire. La volonté de ses pères fondateurs reposait sur l’idée d’une construction pas à pas. Robert Schuman, l’un des principaux instigateurs de l’Europe communautaire avec Jean Monnet, affirmait dans les années 50: «L’Europe ne se fera pas d’un coup, ni dans une construction d’ensemble: elle se fera par des réalisations concrètes.» Depuis 1957 et la création par le Traité de Rome de la CEE, les divergences entre les partisans d’une Europe des Nations, où les souverainetés nationales dominent le pouvoir de décision européen, et ceux d’une vision fédéraliste furent fréquentes. À l’Europe des Patries, chère au Général De Gaulle, s’oppose le modèle fédéraliste allemand. Cependant, cette dichotomie semble vaciller ces derniers temps en faveur des intérêts économiques et au détriment de l’idée d’une Europe fédérale et donc nécéssairement solidaire. La propre Allemagne, héraut du fédéralisme, semble, au vu des dernières déclarations de sa chancelière, obéir exclusivement aux exigences de la crise économique, laissant de côté certains principes fondateurs du projet européen. Afin d’illustrer cette tendance, j’ai transcris ici le bref mais non moins elucidateur article du quotidien Público de vendredi dernier (hier), de la main de Manuel Carvalho.
«Angela Merkel a transformé l’Union Européenne en une veste que l’on pourrait porter des deux côtés en fonction des convenances..
Avant de partir pour la réunion du G20 à Séoul, Merkel a exigé que l’EU soit perçue comme un ensemble, afin de pouvoir récuser les critiques faites par les États-Unis aux énormes éxcédents du commerce allemand. Mais en ce qui concerne les dettes et le déficit budgétaire qui sont en train pousser l’Irlande et le Portugal vers le chaos, il n’y a apparemment plus de raisons pour considérer l’Europe collectivement. L’opinion allemande qui a prévalue depuis la crise grecque est même plutôt le contraire: que chacun s’occupe de soi. La “subtilité” de Merkel s’occupera d’en aggraver les problèmes.
S’il n’est évidemment pas juste d’exiger aux allemands de payer les delires des ministres portugais ou l’irresponsabilité des banques irlandaises, il ne l’est pas non plus de demander à tous les européens de justifier l’excédent commercial allemand. De plus, les Européens sont les principales victimes de cet excédent, plus que n’importe quel autre peuple dans le monde. La stabilité de l’euro ou l’impossibilité pour les plus faibles de recourir à la dévaluation compétitive de la monnaie justifient autant le déficit commercial portugais comme le solde positif allemand de 15,6 milliards d’euros de septembre dernier.
Ce qui est difficile à supporter, c’est ce discours hypocrite de Merkel qui affirme aux journalistes du Financial Times que «l’on ne peut appréhender l’UE, avec son marché commun et sa monnaie unique, pays à pays» et en même temps suggère aux créanciers d’être prudent car ils seront obligés d’assumer les coûts d’éventuelles banqueroutes.
Si l’EU est considéré “comme un tout” pour justifier les déséquilibres provoqués sur le marche mondial par l’Allemagne, il doit l’être aussi dans les moments ou la solidarité des pays européens est requise.  Il ne s’agit pas de payer les frais, mais simplement de suspendre le discours punitif que les autorités allemandes ont proféré dernièrement, soutenir avec conviction les programmes d’austérité mis en place, ou, comme elles l’ont fait aujourd’hui, réclamer l’accalmie des marchés. On ne demande pas la charité ni la complaisance, seulement la cohérence lorsqu’on invoque l’EU “comme un tout”.» [Público, 12/11/2010, p.3]


         Les temps changent, les opinions avec… (Luís de Camões)